Notícias

Concursos de beleza nikkei mantêm tradições japonesas e contribuem para crescimento individual das jovens

Kendi Yamai, idealizador das seletivas do Miss Nikkey e apresentador do Miss Akimatsuri, fala sobre os concursos de beleza 

A 8ª edição do Miss Akimatsuri, concurso de beleza nikkei que será realizado no dia primeiro de abril na 32ª Festa do Akimatsuri de Mogi das Cruzes, está com inscrições abertas. Com isso, a beleza dos traços das meninas descendentes de japoneses, as tradições da cultura nipônica e a oportunidade de iniciar uma carreira como modelo “agitam” as conversas e sonhos das jovens entre 16 e 30 anos. 

Essa movimentação nos grupos de nikkeis se repete em outros locais do Estado que, assim como Mogi, realizam concursos de beleza que funcionam como seletivas do Miss Nikkey Brasil. Além de buscar a representante mais bonita entre as nikkeis e de servir como passaporte para concursos com amplitude nacional, todos esses eventos têm em comum o multifacetado Kendi Yamai. 

O cantor, ator com participações em novelas da Globo e de outras emissoras e apresentador foi o idealizador das seletivas do Miss Nikkey. Yamai circula entre os concursos como co-responsável para implantação e dando consultoria nas edições seguintes. No Miss Akimatsuri ele ainda atua como apresentador. 

 “O objetivo principal do concurso é promover a integração das comunidades nikkeis e oferecer oportunidade as jovens de realizar um sonho, iniciar uma carreira como modelo. De certa forma, abre portas, mas principalmente acaba desenvolvendo algumas qualidades dessas garotas. Acredito que todas que participaram até hoje se beneficiaram de alguma forma, seja na carreira ou na vida pessoal”.

Em entrevista ao O Diário, Yamai conta sobre a criação dos concursos, as participantes que hoje são famosas e destaca a importância para a continuidade da cultura nipônica e integração maior da comunidade.

O Diário: Como surgiu a ideia de fazer concurso de beleza nikkei?

Kendi Yamai: Descobri visitando o Museu da Imigração Japonesa que desde a época dos imigrantes já se faziam alguns concursos de beleza. Eu faço concursos há mais de 15 anos. Fazia alguns concursos de beleza oriental com descendentes de japoneses, coreanos, chineses, e também o Faces que descobria novas modelos que eram contratadas para atuar no Japão. Mas, nunca os concursos eram aqui e eu sempre falava que devíamos fazer um concurso de beleza nikkei em Mogi. Depois de um tempo com essa ideia colocamos em prática.

O Diário: Como é a organização das seletivas para o Miss Nikkey, como o Miss Akimatsuri?

Kendi Yamai: A minha participação começa sempre na implantação do concurso nas cidades. Em Marília e Mogi, por exemplo, atuo desde a primeira edição. Começo com a implantação que depois fica a cargo da comissão organizadora. Eu fico como conselheiro e apresentador, como no Miss Akimatsuri. Muitas vezes falo que não vou porque a agenda está complicada, mas até mudam a data para que eu esteja presente. Essa consideração é super bacana, eles falam também que o clima é diferente quando eu apresento. E, para mim, é também uma sementinha que vamos plantando em relação à continuidade da tradição, integração da comunidade. E fico muito feliz quando as vencedoras ou até mesmo as participantes, que às vezes nem ganharam, acabam se projetando ou fazendo bastante sucesso.

O Diário: Quais artistas ou modelos de destaque foram “descobertas” em concursos de beleza nikkei?

Kendi Yamai: Uma das participantes que se destacou bastante é a Sabrina Sato. Ela não ganhou em 1º lugar, mas ganhou como simpatia e prova até hoje que mereceu porque é muito simpática e está cada vez mais linda e fazendo muito sucesso. Fico muito feliz por ela. No jornalismo tem a apresentadora da Record, Dianes Sayuri, que também não ganhou, mas foi simpatia e hoje é uma das âncoras da Record. A Jaqueline Sato, que faz a Yumi na novela Sol Nascente, participou do concurso Miss Nikkei em 2008. Temos modelos que estão hoje no Japão. E a mogiana Karina Eiko Nakahara, que não seguiu a carreira de modelo, mas foi eleita Miss Centenário Brasil-Japão. Fico super orgulhoso, principalmente quando a mãe ou a própria pessoa vem e agradece. Algumas delas na época eu disse que tinham chance e elas acreditando nisso participaram e ganharam. Claro que cada um tem sua estrela e seu brilho, umas vão se despontando mais e fazendo mais sucesso, mas às vezes a gente enxerga um diamante bruto e depois elas se lapidam e vão se tornando os diamantes mais brilhantes.

O Diário: De que maneira esses concursos contribuem para manter as tradições da cultura japonesa?

Kendi Yamai: Como o concurso tem o objetivo de fazer essa integração das comunidades e divulgar a beleza nipônica, ajuda a manter as tradições. É claro que a beleza feminina, no geral, chama a atenção, mas aliado a cultura japonesa, a maneira de se portar, ao uso de trajes típicos, tudo isso divulga e reforça mais a cultura japonesa. Mesmo descendentes muitas delas estavam distante da cultura japonesa porque já eram a 5ª ou 6ª geração, já perderam bastante os traços japoneses e depois do concurso começaram a entender mais, querer conhecer mais da cultura, de participar das atividades, frequentar associações.

O Diário: A maior parte das meninas busca a carreira de modelo após o concurso?

Kendi Yamai: Acho que mais de 90% das meninas tem sonho de seguir a carreira de modelo ou artística, por isso que acabam participando. Algumas são lindas e maravilhosas, mas elas não sabem que são e às vezes precisam de um incentivo para se inscrever. Outras, embora sejam lindas e curtam participar tem outros planos. Veja a Karina Nakahara que foi a Miss Centenário Brasil-Japão e até hoje é super humilde e modesta. Ela tem altura, se porta bem, é super bonita, além de ser super gente boa. Mereceu muito aquele título. Ela ganhou, despontou como modelo e poderia ter seguido a carreira, mas preferiu ficar na Odontologia e hoje está em outra fase e já é até mãe.