Resgatar e difundir a cultura oriental são os principais objetivos da Festa do Outono Akimatsuri, que acontece em 2023 nos dias 8, 9, 15 e 16 de abril. Assim, como nos anos anteriores, os visitantes terão a oportunidade de “viajar” ao Japão, conhecendo um pouco mais sobre as tradições que sobrevivem há milênios.
O Tanabata, Cerimônia do Chá, Ikebana, Origami e Tooro Nagashi são exemplos da riqueza da cultura oriental. São ritos e cerimônias realizadas há anos que permanecem vivas dentro do Akimatsuri. Mas qual seriam suas origens e significados?
No Japão a palavra Taiko significa “grande tambor”. Em outros países, a palavra é usada para referir-se a alguns tipos de tambores japoneses (‘wa-daiko’, Tambor Japonês, em Japonês).
Os Taikos eram freqüentemente usados, na época feudal, para motivar as tropas, ajudar a marcar o passo na marcha e anunciar comandos e anúncios marciais. Ao se aproximar ou entrar no campo de batalha, o taiko yaku (tocador de tambor) era responsável por determinar o passo da marcha.
O Tanabata Matsuri é o costume de escrever pedidos ou desejos em tiras de papéis coloridos, chamados de tanzaku, que ocorre na data de 7 de julho no Japão. Quem for ao Akimatsuri e visitar o Pavilhão de Exposição Agrícola e Cultural poderá adquirir tanzaku e amarrá-los nos galhos de bambus, colocados junto aos enfeites. Cada cor significa um tipo de pedido: branco (paz), rosa (amor), vermelho (paixão), verde (esperança) e azul (saúde). Após o término da festa, todos os papéis são queimados para que a fumaça leve os pedidos ao céu, na expectativa de serem realizados. A tradição tem origem numa lenda folclórica chinesa introduzida no Japão no século VIII, a princesa Orihime e o pastor Hikoboshi, ao se apaixonarem, deixaram de cumprir suas obrigações provocando a ira do Senhor Celestial, que os transformou em duas estrelas e foram separadas pela Via Láctea. Comovido com a tristeza em que os dois ficaram, o Senhor Celestial permitiu que se encontrassem uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês. A partir daí, surgiu o Tabanata Matsuri, comemorado todos os anos na festa do Akimatsuri.
A cerimônia do chá – o chanoyu – é um ritual com sete séculos de história, que consiste em servir e beber o “matcha”, um chá verde pulverizado. Os convidados usam vestes especiais, louças antigas e raras, e cumprem vários procedimentos (cumprimentos, esperas, saudações) que sugerem a paz e despojamento.
Essa cerimônia simboliza tudo o que, na cozinha japonesa, se opõe ao modo de comer, apressado e desatento, representado, nos tempos atuais, pelo fast-food. Os pratos e ingredientes japoneses são plenos de significados simbólicos, não somente nutritivos. Um simples fio de macarrão, por exemplo, pode representar a continuidade da vida, a prosperidade de uma família.
O chanoyu tem desempenhado importante papel na vida artística do povo japonês, pois envolve a apreciação do cômodo onde é realizada, o jardim que o circunda, os utensílios utilizados e a decoração do ambiente. Representando a beleza da simplicidade estudada e da harmonia com a natureza, o espírito do chanoyu moldou o desenvolvimento da arquitetura, jardinagem paisagística, cerâmica e artes florais no Japão.
De acordo com a história registrada no país, o chá foi introduzido no Japão por volta do século VIII, originário da China, onde era conhecido desde o Período da Dinastia Han Oriental (25-220DC). O “matcha”, conforme é usado na cerimônia do chá de hoje, ainda não era conhecido naquela época, mas já era muito precioso e usado também como remédio.
O costume de beber “matcha” difundiu-se não só entre os sacerdotes de Zen, mas também entre a classe superior. O desenvolvimento das maneiras cotidianas da maioria dos japoneses tem sido influenciado basicamente por formalidades como as que são observadas na cerimônia chanoyu. Prova disso é o costume bastante difundido entre as moças antes do casamento de receber aulas dessa arte a fim de cultivar a postura e o refinamento vindos da etiqueta da chanoyu.
Origami é a arte japonesa de dobrar o papel. A palavra tem origem do japonês ori (dobrar) kami (papel). Geralmente parte-se de um pedaço de papel quadrado, cujas faces podem ser de cores diferentes, prosseguindo-se sem cortá-lo.
No entanto, a cultura do Origami Japonês não se restringe a estas definições. Pode-se também cortar o papel durante a criação do modelo, ou começar com outras formas de papel que não seja a quadrada (retangular, circular ou outras).
Segundo a cultura japonesa, aquele que fizer mil origamis tem direito a um pedido. Os japoneses sempre foram muito cuidadosos em não desperdiçar, por isso guardavam sempre todas as pequenas réstias de papel e usavam-nas nos seus modelos de origami.
Durante séculos, não existiram instruções para criar os modelos de origami, pois eram transmitidas verbalmente de geração em geração. Esta forma de arte viria a tornar-se parte da herança cultural dos japoneses. Em 1787, foi publicado um livro (Hiden Senbazuru Orikata) contendo o primeiro conjunto de instruções origami para dobrar um pássaro sagrado do Japão. O Origami tornou-se uma forma de arte muito popular, conforme indica uma impressão em madeira de 1819 intitulada “Um mágico transforma folhas em pássaros”, que mostra pássaros a serem criados a partir de folhas de papel.
É um ábaco, antigo instrumento de cálculo, formado por moldura com bastões ou arames paralelos usualmente usado para ensinar as crianças a fazerem contas de soma e divisão. Mas o Soroban tem um diferencial: é um ábaco japonês, com apenas cinco contas, ou pedrinhas em cada ordem numérica.
Com o uso, o instrumento sofreu uma série de aperfeiçoamentos que geraram técnicas rápidas para executar qualquer cálculo: adição, subtração, multiplicação, divisão, raiz quadrada e outros.
Alguns praticantes usam a mesma técnica para fazer cálculos mentais, com habilidades para fazer cálculos de algarismos enormes para os padrões ensinados nas escolas.
O Soroban garante aos praticantes outras habilidades, como:
• Melhora na concentração e memorização, principalmente para números;
• Visualização e inspiração apuradas;
• Observação mais atenta;
• Processamento de informações de maneira mais rápida;
• Aumento da “velocidade auditiva”;
• Cálculo mental.
Quem tiver interesse, poderá participar de um workshop de soroban que será realizado durante a Festa do Akimatsuri no Pavilhão Cultural.
Shodo é a caligrafia japonesa, geralmente escrita com sumi (tinta preta) e pincel, sobre um papel artesanal muito fino, utilizando caracteres japoneses ou chineses. Delicadas, as peças devem ser manuseadas com cuidado e, preferencialmente, protegidas em uma moldura. “Sho” significa caligrafia e “Do”, caminho.
Tradicionalmente são encontrados em templos, palácios e no “tokonoma” das casas, uma espécie de relicário. Hoje, podem ser vistos em todos os lugares. Nas casas de estilo ocidental no Japão, são pendurados ao lado de quadros e fotografias. São bastante comuns em hotéis, restaurantes e áreas de recepção de empresas.
A peça de Shodo é normalmente escolhida com um propósito, seja como sorte, prosperidade, longevidade, sucesso, ou simplesmente porque é bonita. Freqüentemente, há um elemento sazonal no Shodo, sendo substituído no Japão, conforme a estação do ano ou evento. O Shodo pode ser feito para uma ocasião especial, como uma cerimônia do chá ou matsuri.
O tooro nagashi é um ritual em que as pessoas soltam nos lagos ou em rios lanternas em forma de barquinhos feitos de papel, palito e isopor, iluminados com uma vela em seu interior. No Japão é realizado no mês de agosto no Dia de Finados, por acreditar que as almas dos falecidos retornem às casas de seus familiares na data.
Por esta razão, é celebrado o ritual para rezar pelas almas dos antepassados e a necessidade da luz da vela é para conduzir a alma para o lugar de onde veio com segurança. Nessa ocasião tem-se o costume de pedir por saúde, proteção e prosperidade.
Esta prática começou há séculos, mas se tornou muito popular após a explosão da primeira bomba atômica na cidade de Hiroshima, no Japão. Os barquinhos foram confeccionados para homenagear e lembrar as vítimas da explosão e solicitar a PAZ.
Assim, hoje é conhecido como um meio de se transmitir mensagens de paz, assim como confortar os espíritos dos mortos de cada família.
A cozinha japonesa é especialmente preparada, valorizando-se os sabores e a apresentação estética. A forte presença de pescados nos pratos japoneses caracteriza-se pelo país ser cercado de mar e cortado por rios.
O peixe cru é raro na mesa cotidiana, mas usam-se muito peixes secos, principalmente nos temperos e caldos. Os legumes são cortados em pequenos formatos e preparados cozidos ou em conservas. O elemento básico da alimentação é o arroz, tão importante que, na Idade Média, era utilizado como moeda de pagamento de impostos. O molho (shoyu) e a pasta de soja (missô) dão um sabor característico à cozinha de todo o país.
Os pratos de refeição japonesa são servidos simultaneamente. Incluem uma sopa, um cozido, um grelhado, guarnições de legumes e o arroz. No almoço, a refeição é simplificada: arroz, ovo cru, algas, conserva e sopa de missô.
Comidas típicas que podem ser encontradas no Akimatsuri: Yakissoba (macarrão cabelo de anjo ou talharim de farinha de trigo integral frito com cebola, repolho, carne ou legumes), Tempurá (pedaços de verduras, peixes e camarões empanados em farinha e fritos em azeite), Sashimi (pedaços de peixe ou frutos do mar crus servidos com nabo picante, molho de wasabi e soja), Sushi (peixe ou frutos do mar crus enrolados com arroz).